Confira na entrevista as DICAS SOBRE SEXOLOGIA PARA MULHERES.
Laura Muller conversou com G1 durante um evento em Guarujá, SP.
Segundo ela, o sexo anal ainda é um dos maiores fantasmas das mulheres.
Laura Muller realizou palestra no Guarujá, SP
(Foto: Mariane Rossi/G1)
Laura Muller, sexóloga do programa Alta Horas, passou um fim de semana em Guarujá, no litoral de São Paulo, e deu uma entrevista ao G1. Aproveitando o Dia Internacional das Mulheres, comemorado nesta sexta-feira (8), ela deu algumas dicas para as mulheres se livrarem dos tabus femininos na hora do sexo.
A especialista falou, principalmente, sobre o orgasmo feminino e o sexo anal, que acredita serem os maiores tabus que as mulheres têm em relação ao sexo. Ela também explicou como lidar com situações de constrangimento, como as mulheres podem lidar com a rotina agitada e ter uma boa vida sexual ao mesmo tempo, sem cair na rotina. Além disso, Laura dá dicas para o relacionamento sempre melhorar.
G1 – Quais são os principais tabus da mulher em relação ao sexo?
Laura Muller – Hoje a mulher continua se preocupando muito, como há algumas décadas, com o orgasmo. O orgasmo feminino continua sendo a bola da vez. A mulher precisa saber como chegar mais facilmente ao orgasmo, como ficar mais vontade com o próprio corpo, às vezes ela quer ter mais de um orgasmo na transa, como manter o desejo em alta. Essas são as questões que povoam bastante o universo feminino. Elas se preocupam também com o parceiro, como dar e sentir prazer. Mas o orgasmo feminino tem lugar de destaque nas preocupações das mulheres.
G1 – Esse orgasmo pode ser sentido de várias formas dependendo da mulher?
Laura – O orgasmo é uma coisa só. O orgasmo é uma sensação de grande prazer, de ápice de prazer, seguida de um profundo relaxamento. Cada pessoa vai ter o seu orgasmo e ele vai variar de acordo com a intensidade da transa, o quanto foi estimulada, o quanto está se sentindo excitada naquele momento. Pode variar também com o estado da pessoa emocional naquele dia, se você esta mais concentradinho no sexo em si ou se você está com a cabeça voando. Então, o orgasmo ele não é sempre igual, ele vai variar nesse sentido, mas em linhas gerais é a definição que eu dei. Nós podemos dizer que temos vários tipos de orgasmo porque ele varia. Porque numa hora ele é mais intenso e na outra hora ele não é tão intenso assim.
Laura Muller realizou palestra no Guarujá, SP
(Foto: Mariane Rossi/G1)
G1 – E em relação ao sexo anal, também é um tabu?
Laura – Sexo anal ainda é um tabu na nossa cultura. Tem muita gente que sente muita dor, que se queixa e não gosta de praticar o sexo anal. Mas tem mulheres que chegam até ao orgasmo com a prática anal. A dica é se a pessoa não gosta de jeito nenhum, não quer experimentar, não se sente bem, então não é para fazer, porque sexo é algo para trazer prazer para os dois. Se não esta legal, não faça. Agora se você quer experimentar, sem problema nenhum. Outra dica é sempre de camisinha, das práticas sexuais, o sexo anal é o que oferece maior risco de transmissão de doenças, depois vem a penetração vaginal e depois vem o sexo oral.
G1 – O sexo oral também continua sendoum tabu?
Laura – O sexo oral não é tão tabu assim quanto o sexo anal, mas tem casais que não gostam de praticar. Tem homens que só gostam de receber, tem mulheres que só gostam de fazer e não de receber.
G1 – Inclusive tem mulheres que se sentem incomodadas e ficam preocupadas com possíveis odores.
Laura – Primeiro a gente tem resignificar a questão da sexualidade feminina. A gente viveu séculos de uma repressão sexual muito grande em cima da sexualidade feminina e masculina, mas mais da feminina. Às vezes a mulher olha para a vagina dela achando que tem alguma coisa de errado, que é feia, que não cheira bem. Se tiver um mau cheiro, um odor forte, um corrimento com uma cor esquisita, aí é o caso de buscar um médico ginecologista e ver o que esta acontecendo ali e fazer um tratamento.
G1 – E como detectar isso?
Laura – Ela vai sentir. Agora a gente precisa entender que vagina tem cheiro de vagina assim como pênis tem cheiro de pênis. Se tiver um cheiro esquisito aí sim é o caso de buscar um médico e fazer um tratamento. Senão, não é para ficar com vergonha, esses são os odores do nosso corpo.
G1 – Como a mulher pode dar conta da rotina profissional e ter uma boa vida amorosa?
Laura – Hoje a gente tem um homem e uma mulher, um casal cheio de tarefas, com milhões de compromissos. Então a gente tem uma agenda muito grande tanto para o homem como para a mulher. Muitas vezes esse casal começa uma vida amorosa e sexual cheia de conquistas, de tempo para o namoro, para o prazer, para o curtir um ao outro e aí, a medida que o relacionamento vai avançando, vão deixando isso para trás e vão tendo uma rotina que não é só na cama, mas é uma rotina fora da cama também, uma rotina de compromissos, só obrigações. A dica é recuperar o clima do namoro. Sexo vai muito além do que o ato em si, o ato envolve todo um jeito de ser dentro e fora da cama. Então a dica para não deixar cair na rotina, ou sair desse clima de rotina e reaquecer o desejo é ver o que vocês faziam no tempo do namoro que era gostoso, que era legal e trazer para o dia de hoje. Claro que adaptado, dentro das possibilidades, mas esse clima de conquistar, de poder viver o lazer e prazer como casal.
G1 – É preciso agendar, marcar hora para fazer sexo?
Laura – A gente não tem botão liga e desliga. Se a gente marca hora, sexta-feira à noite, sábado de manhã, depois que as crianças saíram para o parque, não funciona muito assim. Não é que não seja gostoso, é que às vezes o desejo não vem, a gente não liga e desliga. Para o desejo vir, nos temos que deixar o corpo em um clima de relaxamento, num clima de lazer, num clima de descontração, aí o desejo vem. Essa história de marcar na agenda pode fazer com que o sexo vire obrigação e isso é fatal ao prazer.
G1 – Qual a dica para as mulheres que ainda têm todos esses tabus em relação ao sexo?
Laura – Eu costumo dizer que cada pessoa é única, com seus valores, suas crenças, suas emoções, seus sentimentos, suas histórias de vida, seu jeito de ser. A gente precisa olhar pra tudo isso e respeitar esse jeito de ser, mas ao mesmo tempo, dar novos significados ao sexo. A gente pode buscar mais informações em uma matéria, em uma palestra, em um livro em um atendimento no consultório, na mídia.
G1 – E como deixar a vergonha de lado?
Laura – O primeiro passo é se informar para dar um novo significado para o sexo. A partir daí ela vai pode se consultar para ver o quanto é possível deixar essa vergonha de lado. E as coisas que não forem possíveis, como por exemplo, sexo anal. Se ela olhar e ver que não é para ela, que não gosta então não é para fazer. Então é buscar informações, tentar abrir a cabeça, mas paralelamente a isso tudo, se respeitar o tempo todo, respeitar os seus limites e as suas possibilidades.
Fonte: http://g1.globo.com/sp
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