Ficar em silêncio ajuda não apenas a tranquilizar a mente e as emoções, mas a encontrar respostas, tomar decisões, diminuir a ansiedade, o estresse e melhorar as relações. Vale a pena tentar. Muito se fala sobre o poder da palavra, mas pouco se celebra o silêncio. Não é fácil para uma sociedade hiperconectada, produtiva e focada no consumo, acreditar na potência do “não dizer nada” para transformar emoções, reações, estados mentais e construir relações mais harmônicas. Mas é no silêncio que conseguimos colocar os pensamentos em ordem. É o silêncio que favorece o autoconhecimento. É na ausência de diálogo que percebemos a força da conexão com o outro. Atrelado à meditação, o jejum de palavras tem, aos poucos, se disseminado enquanto uma prática que ajuda a encontrar respostas, tomar decisões, aliviar a ansiedade e o estresse e alcançar a serenidade e a paz.
O jejum de palavras consiste na prática do silêncio, na abstinência da fala, em não se comunicar, mas também em não assistir televisão, navegar na internet ou ler. Médica e instrutora da Escola de Meditação da Organização Internacional; Cóndor Blanco, Silexi Menta, afirma que a meditação conduz a pessoa ao silêncio, assim como o silêncio leva a um estado meditativo. “O pensamento é linguagem. Uma pessoa que fala muito está pensando muito e tem a mente agitada. De nada adianta ficar em silêncio, mas com os pensamentos a mil”, pondere.
Apesar de grandes tradições religiosas e espirituais contemplarem a meditação como prática, não é preciso ter religião para praticar a meditação ou o silêncio. A meditação é um exercício cerebral consciente já comprovado pela ciência em imagens de ressonância magnética, que mostram alterações benéficas no cérebro no momento em que é realizada. O modo de funcionamento padrão do cérebro de qualquer pessoa é o de deixar a mente vagar, que é o “ficar sonhando“. Essa mente com foco de atenção frágil é chamada “mente selvagem”. A expressão é usada em contraposição à mente treinada pela meditação.
Por essa razão, pode ser difícil para muitas pessoas encontrar o silêncio apenas com o jejum de palavras. “Aprender um pouco sobre meditação é importante para começar bem na prática do silêncio e para que o processo não seja árduo”, salienta Silexi Menta. Além da meditação, ela afirma que exercícios respiratórios auxiliam a acalmar a mente, assim como atividade física, como ioga, natação ou corrida, e ouvir música. “Uma outra sugestão para quem nunca fez um jejum de palavras é passar um dia observando o que se fala. Seria o “Zero”. Veja como você se comunica e qual é o seu pensamento. Assim, você terá noção do quão negativamente (ou não) você fala e pensa”, sugere a instrutora de meditação.
O silêncio tem o poder de transformar emoções, reações, estados mentais e pensamentos, mas são poucos os que acreditam que algo que “não diz nada” pode lhes ser útil. Acreditamos que é apenas através do pensamento e da fala que podemos encontrar solução para os nossos problemas, obter conhecimento e fazer bem a nós mesmos. É difícil para nós entendermos que o silêncio tem outra forma de falar, que não usa palavras nem precisa de som, mas diz muito.
Sugiro que pratique o silêncio, se não sentir os benefícios na primeira tentativa (é bem provável que não sinta), insista. O silêncio é uma prática, não um feitiço mágico que faz coisas acontecerem. Garanto que, com a prática, você vai conseguir perceber seus benefícios. Se ainda não está convencido, aí vão alguns fatos sobre o silêncio e coisas importantes que ele é capaz de fazer por você:
O silêncio ajuda a encontrar respostas.
Principalmente quando você está com um monte de ideias embaralhadas na cabeça e nenhuma delas é a solução que você precisa. A mente em silêncio se acalma e se organiza, abrindo espaço para um pensamento mais consciente e sem influência de ansiedade, pressa e desespero. O silêncio não vai te dizer o que você precisa fazer, mas tirará da frente aquilo que está te deixando confuso, e você conseguirá ver as coisas com mais clareza.
O silêncio te leva a uma condição melhor para agir ou tomar decisões.
Tomar decisões com a cabeça agitada não é uma boa ideia, seja a agitação causada por um motivo positivo (como empolgação) ou negativo (como medo). Estar em um estado mental que proporcione compreensão, visão, sensibilidade e clareza, sem grande influência de sentimentos momentâneos, é a melhor forma de pensar e agir quando há algo importante em jogo. Se você não estiver bem para tomar uma decisão, mas precisar tomá-la, use o silêncio para alterar o seu estado mental e entrar em um estado mais equilibrado.
O silêncio faz você retornar ao seu estado normal quando está ansioso, agitado ou estressado.
O silêncio alivia. Alivia o incômodo causado pelo barulho, pela a bagunça, pelos pensamentos insistentes e pelo cansaço resultante das energias negativas absorvidas. Alguns minutos de silêncio faz você se reequilibrar, neutralizar a agitação, se desvencilhar das pressões e retornar ao seu estado natural de tranquilidade, o que permite que você recomece de onde parou e faça as coisas com mais calma e energia. É ótimo praticar o silêncio naqueles momentos de bloqueio, em que você perde toda a sua inspiração e começa a se sentir desesperado por isso. O silêncio te leva de volta para o seu estado de inspiração e as coisas voltam a fluir naturalmente.
Você precisa de silêncio.
Mas não sabe disso porque aprendeu a (sobre)viver sem ele. Todo mundo precisa de um pouco de silêncio, porque todo mundo precisa acalmar a mente para continuar trabalhando, construindo a própria vida e se sentindo em paz. A partir do momento em que começar a ter o silêncio na sua vida, você não vai mais conseguir explicar como viveu tanto tempo sem ele.
O seu silêncio é só seu.
E sendo só seu, não sofre influência alheia, o que consequentemente o torna um trabalho profundo de autoconhecimento. É uma outra forma de autoconhecer-se: silenciosa, porém profunda. Nem tudo o que se passa dentro de você precisa ser descrito com palavras, e é justamente nas coisas que não precisam de explicações verbais que o silêncio toca.
Silêncio é serenidade e serenidade é paz.
Não acredito em felicidade sem paz interior. Para mim, a paz interna é o ingrediente mais importante para a verdadeira felicidade. Quando está em paz, você está aberto para receber toda a alegria, a emoção, o amor, a positividade e tudo o que puder sentir de bom. Uma atitude interna serena é a forma mais simples de se colocar em paz, e não há caminho mais garantido para a serenidade do que o silêncio.
Click Ideal Equilíbrio
Visitas: 2.341